segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A RAINHA DA IDADE DA PEDRA

A Rainha da Idade da Pedra

Sente essa tua dor benquista que lhe concedo de bom grado
Ela é a recíproca do meu corpo quando amado
Pois o que me devolves é esse gemido quase choro de criança
E a esperança de que nosso suor será suficiente para matar a sede de nossas almas
Alma?
Mas se meu corpo não tem alma
Tive que me desfazer dela para abraçar o teu pecado
De bom grado
Teus convites irrefutáveis
De amores insaciáveis
O luxo da tua luxúria em cada trago de cigarro
Como se só esta vida não bastasse pra viver tudo isso
Todo esse compromisso
De ter asas pra voar
Sem obrigações
Sendo ostra sem ter fabricar pérolas todos os dias
Pois a beleza das coisas está na sua essência
No cerne de ser pássaro e poder saltar também pra todo lugar
De idolatrar a Rainha da idade da pedra
Com cultos sexuais, imorais, mas ainda divinos
Dividimos os sabores das bocas alheias como se nada existisse se não fosse língua
Se não fosse boca
Se não fosse música.



domingo, 8 de setembro de 2013

UMA FLOR QUE BROTA NA DENSA CAMADA DE GELO DA LUA EUROPA

Uma flor que brota na densa camada de gelo da lua Europa

Ela brotou no jardim do meu peito como a coisa mais bela a me acontecer
Na iminência de todas as profecias se cumprindo num amanhecer
E era de uma beleza tão avassaladora que tornou minha vida desinteressante
Que chegou como o vento como um alento a meu coração aventureiro e incessante
Que veio pra destruir com toda a minha concepção de beleza
Que veio trazer descanso às minhas mãos cansadas e cheias de tristeza
Que veio orquestrando a valsa da destruição das coisas que pra mim eram belas
Logo todas as coisas mais importantes pra mim eram dela
E tudo se tornou um milagre sorrateiro e preciso
E era tão linda de se admirar que meus olhos se enchiam de paraíso
Que em cada mão dela dançava um anjo adestrado num allegro de Vivaldi
Seu corpo como a lua nova a nova ordem de uma noite linda e misteriosa
E andava como se caminhasse sobre pétalas em uma estrada adornada e majestosa
Seus cabelos eram negros como a noite numa fantasia de estrelas
E olhos como dois sóis saborosos que dá vontade de mordê-los
Seus beijos eram puros e simplesmente o amor
Um amor bruto de uma bruta flor
Da fruta mais saborosa dentre o mais frondoso dos pomares
Que trouxe pra minha vida cor e sabor
Nesses braços que eu filho de Ares repouso no meu merecido descanso
Levou meus sonhos até o infinito mais profundo onde tudo eu alcanço
Era a flor brotando no gelo da lua Europa de Júpiter
Era a Vênus nos dando o doce sabor de sua perfeição
Assim brotou a bruta flor no meu coração.


sexta-feira, 30 de agosto de 2013

NADA DE NOVO NO FRONTE

Nada de novo no fronte

Quero esperar para beber da tua fonte
Olhar nos teus olhos e alcançar o horizonte
E as histórias que eu quero que ele conte
Ansioso vou cruzar a tua ponte
Ou nadar para não pagar tributo a Caronte
E finalmente eu possa deixar de ser um procarionte
Para com você me tornar esse simbionte
Já que tudo isso está escrito antes do cinodonte
Meu coração está em suas mãos, brinque com ele, monte e desmonte
Faça o nosso amor mais poderoso que o mastodonte
Mais majestoso que os Alpes de Piemonte
E imutável como o Esfenodonte
Venha meu lindo pardal-do-monte
E me deixar morar na tua fonte
Já que por aqui não há nada de novo no fronte.






terça-feira, 27 de agosto de 2013

A GENTE FAZ AMOR NA FILOSOFIA

A gente faz amor na filosofia

Trocamos energia
Trocamos calor
Suor, saliva e fluidos corporais
Até descobrir que já é de dia.

O conhecimento é como o cimento das nossas edificações
Ele é eterno
Ele se mistura as nossas emoções
Até descobrir que já é de dia.

Eu vejo nos teus olhos o infinito mais bonito que há
O longe que eu posso alcançar
A terra, o fogo, a água e o ar
Até descobrir que já é de dia.

Com a luz acesa, nosso jantar sobre a mesa
Sobre os filósofos da natureza
Nossa idade de bronze
Até descobrir que já é de dia.

E que a fúria dos deuses sejam tratadas como quimera
Que é a mera alquimia
Sobre as crenças nossa anarquia
Até descobrir que já é de dia.

Brincar de ciranda na varanda da poesia
Meu corpo sobre o teu
Sou teu ateu no paraíso
Até descobrir que já é de dia.

Se vamos pecar que seja como pecam os cristãos
Que somente a eles cabem os perdões
E que em nossas crenças não há grilhões
Até descobrir que já é de dia.

Até descobrir que já é de dia
Eu, você e a filosofia
Os deuses da nossa mitologia
Até descobrir que já é de dia.


quinta-feira, 22 de agosto de 2013

2

2

Não cabia tanto amor no meu peito então transbordei em versos
em doses homeopáticas de versos perversos
de veneno e de amor
pois o amor é veneno
que mesmo no frasco mais pequeno
seu efeito há de surgir
e há de deixar marcas na alma
são feridas pequenas
a níveis celulares
e que em todos os lugares
dos nossos corpos
haverá de sangrar
e marcar cada lugar
como se este fosse o nosso lugar
como se perpetuasse a vida eterna para dois
quando os dois corpos atômicos ocuparem o mesmo lugar
nossas mãos que vão a lugares antes desconhecidos
e que caminham estes corpos para lugares hostis
que levam teus desejos para o limbo
como o vento que carrega um nimbo
como se agitasse todas as almas no inferno
como se trouxesse todas outras do umbral
esse amor infernal
que nos leva e traz
pra dormir em paz
na paz de nossas cobertas.

A-COR-DAR

A-cor-dar

Meus pés estão no chão
minha cabeça está nas nuvens
meu cigarro está aceso
nada pode me parar.

Meu coração a milhão
rindo pro cano do 3-oitão
com você a meu lado
vou a qualquer lugar.

Qualquer lugar
é nosso lugar
fazendo de cada rua deserta
na certa o nosso lar.

Pois moramos lado a lado
eu moro dentro de você
você mora dentro de mim
e juntos um só amar.

Quando esse filho nascer
daremos a ele o nome de amor
para que ele nunca esqueça
que ele é a razão de todas as coisas.

Tudo está escrito
como pelas mãos dos sábios
tudo o que há muito foi dito
hoje pra nós tudo é um dia novo.

Não faltam elos nas nossas correntes
estamos presos no nosso equilíbrio
incontestavelmente felizes
pois é incontestável a felicidade.

O amor nos move
nove meses, noves dentro
que doutro ventre de outrora
brote os frutos da aurora.

Meu cigarro está aceso
meu amor está a mil
nossa chama está acesa
e o jantar está na mesa.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

UMA CHUVA DE TUBARÕES NO PARQUE DOS FLAMBOYANTS


Uma chuva de tubarões no parque dos flamboyants

A cidade se desmancha em pétalas
Como se fosse consumida até sumir
A cidade vai te consumir
Vai te mastigar e depois te cuspir.

A noite vai te levar de mim
Depois te trazer bêbada no fim
Depois de te deitar em tantos outros divãs
Pra assistir a chuva de tubarões no parque dos flamboyants.

Violência a céu aberto
Um tiro certo, uma pedra no meio do lago
A borboleta bate as asas e incita um furacão
Tanta destruição justificada pela explosão de uma bolha de sabão.

Flores nascendo no asfalto
Lágrimas sobre as folhas de concreto
Pra onde marcham as tropas alemãs?
Pra assistir a chuva de tubarões no parque dos flamboyants.

A cidade é um organismo vivo
Que se move lentamente
E ficamos imóveis como os móveis
Observando, imaginado o que respira os automóveis.


quinta-feira, 18 de julho de 2013

EU SOU AQUELE VELHO CAMINHÃO CARREGADO DE PEDRAS NA ESTRADA ESBURACADA DO SEU CORAÇÃO

Eu sou aquele velho caminhão carregados de pedras na estrada esburacada do seu coração

Eu já estive em paz
Já estive longe das notícias dos jornais
Mesmo morando em Belém uma cidade violenta
Eu estava aqui na época das gangues nos anos 90.

Eu já tomei coca-cola
E já cheguei a achar que eu era o dono da bola
E já tive alguém que tomou conta de mim, da minha cabeça e coração
Que me fazia companhia quando eu deitava na escuridão.

Mesmo presente em teu quarto
Tua presença era um deserto
Eu estava certo
Você não estava perto, você não estava lá.

E eu ficava desesperado
De tanto esperar
Li e reli as cartas que escrevi pra você
E que nunca vou mandar.

Um super homem superficial
Eu te falava de amor, mas meu amor pra você era banal
E me assustava com suas atitudes tão modernas
Eu tinha ideias pro futuro, mas ainda vivia nas cavernas.

Como uma ferida
Depois de um tempo eu percebi que a nicotina não fazia sentido em minha vida
A não ser, quando você ia embora de hora em hora
E que deixava suas palavras machucando e levava os beijos da boca pra fora.

Eu estou vivo por enquanto
Ainda posso reclamar, para teu espanto
Mas estou afundado numa cama
Olhando as telhas de amianto.

Nem 1000° Celsius podem me extinguir
Eu sou a chama da bomba incendiária
Eu sou o tempo, ácidos corrosivos
Eu sou um trem carregado de explosivos.

Você não quis mas eu quero
Me chama pelo nome de Nero
Eu sou aquele velho caminhão

Carregado de pedras na estrada esburacada do seu coração.

domingo, 14 de julho de 2013

NÃO CABE EM MIM


Não cabe em mim

Não cabe a mim discernir sobre fantasia
Não cabe a mim fantasiar
Não me tornarei uma ilha para teu refúgio
Para teu subterfúgio
Para teu frágil naufrágio em calmo mar.

Não jogarei teu nome ao vento
Sem o teu consentimento
Não sou um simples momento
Eu sou o vento que mesmo brando, que mesmo lento
Estou em constante movimento.

Não tornarei a te escrever um poema
Não és mais o meu tema
Não sonho mais com teus beijos de cinema
E minha bandeira, meu lema
É para que eu nada tema.

Não mais me questionarei sobre as dúvidas
Nada mais me atormentará
E mesmo que eu navegue na tormenta
Eu sou aquele que nada, aquele que tenta
Mesmo sabendo que o monstro do mar da dúvida me engolirá.

Sei que trago comigo a doença da verdade
E que a verdade me sucumbirá
Mas por entre os escombros que respiro
Subirei nos ombros do vampiro a quem expiro
E minha verdade se levantará.

Não cabe em mim doutrinas astrológicas
Só me visto de viagens antropológicas
A cidade que me devora de dentro pra fora
As noites e as companhias vadias das horas
Em cada solstício me reviverá.

Não cabe a mim entender de meu fim
Minha história começa antes de mim
Minha parte nesse livro é o capitulo final
É narrada a história da minha morte imortal

Com clarins, bandolins, tamborins, eu só aceito assim.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

EU QUERO

Eu quero

Eu quero o açúcar da fruta mais saborosa
Eu quero o mel
Eu quero a paixão mais ardente e perigosa
Eu quero o céu
Eu quero o néctar da tua boca gostosa
Meu anti-fel
Eu quero o toque da tua pele macia e sedosa
Como as asas do anjo Gabriel.

Eu quero descobrir cada centímetro do teu corpo
Te cobrir de amor
Desvendar os enigmas dos teus encantos
No meu cobertor
Invadir violentamente tua mente
Sem pecado e sem pudor
Desejar teu desejo mais oculto
Te louvar como a flor.

Eu quero nossos destinos cruzados na minha cama
Te fazer gemer
Eu quero tudo o que for seu e, mais
Eu quero te ter
Eu quero teu corpo em meus beijos
Beijos, infinitos beijos de amor e prazer
Eu quero você

Somente você.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

DENIAL

Denial

Preciso vomitar estas borboletas que me socam o estomago
Despejar estes macacos que me habitam o sótão
E estes ratos que me invadem o porão
Essa sensação de estar num sonho de menininha
Apaixonado outra vez, outro amor impossível.

Vou te escrevendo poemas até chegar lá
E desviar meu olhar pra você não perceber
Que cada sorriso do seu rosto
Cada brilho, cada olhar, mesmo que não seja pra mim
Me faz feliz mesmo assim.

São essas intempéries que me fazem querer as coisas
Só quero as coisas que não estão lá
O perigo, o impossível me atrai
Tudo em você como o magnetismo das eras
Meu peito se arranha por dentro como por um milhão de feras.

Seu silêncio absurdo e bonito me aflige
E mistifica ainda mais minha vontade de te ter
Sua calma transparente, insípida, imóvel
Me ataca como se em minha cabeça detonassem bombas atômicas
Você é mulher biônica das minhas paixões platônicas.

Quando você diz que vai meus dois olhos verdes querem te seguir
Como dois faróis verdes iluminando as pegadas deixadas pra que eu não perca o teu caminho
Eu posso seguir sozinho, mas você vai em mim, mesmo que eu não vá em você
Vou te levar em meus pensamentos por mais distantes que sejam
Por mais absurdos, por mais loucas que sejam as minhas vontades.

Eu queria te chegar com flores e de joelhos pedir: - Aceita minha loucura?
Mas isso é tão bonito e eu não sei fazer parte de uma coisa tão pura
Eu sou o discípulo da destruição, o demônio da bagunça
Se eu entrar na sua vida vou bagunçar, vou te fazer sentir o que sinto
E seremos dois loucos no carrossel, bebendo o sangue da batalha como se fosse vinho tinto.

Você, minha flor biônica a muralha mais impenetrável das muralhas impenetráveis que penetrei
Me deixa “singing silly love songs”, abestalhado, olhando o nada, falando grego com a minha própria cabeça
Mesmo que eu fale a noite inteira com você entre nós sempre haverá um silêncio
O silêncio das coisas não ditas que ficam entre nós

E mesmo que eu grite por dentro, tudo o que recebo é o eco da minha própria voz.

domingo, 16 de junho de 2013

OUTRAS

Outras

Não fui eu, não foi você
Ninguém é culpado por amar
Mesmo que o amor seja um crime
Pois que seja um crime o não amar.

Eu acordo mais cedo e vou pro sofá
Um café e um cigarro como a te brindar
Olho para o seu corpo ancorado em minha cama
Mas você não está lá.

Sei que guardo em outras as memórias de ti
E em todas elas eu vou me encontrar
Vou te procurar nos lençóis de outras camas
Mas em nenhuma outra eu vou te achar.

Vou perseguir os beijos de outras bocas
E em outras bocas hei de me afogar
Hei de ser cuspido ou devorado de prazer
Pela boca daquela que não é você.

Vou caminhar com passos de bêbado
Vou voltar pra casa no meu vai-com-deus
E no amanhecer vou querer os teus braços
Vou dormir nos afagos que não são os seus.

Acaso estiveres por todo lugar
Até nos outdoors quando eu for trabalhar
Vou sorrir como se fosse um sorriso pra ti
Mesmo que a retribuição do sorriso venha de outra.

Se eu te vir a sorrir esbanjando prazer
Vou mentir, vou dizer que já te esqueci
Quando olhares com o olhar do desejo
Nesse desejo teu rosto não refletir em mim.

Mas eu sei que pra sempre irás lembrar
Quando vinhas madrugadas bêbadas
E invadia meus sonhos desejo noturno
E dormia em meu peito enquanto durmo.

Não vou insistir nesse amor que não é meu
Já que não queres meu amor pra ser só seu
Esse amor que é tão grande posso partilhar

Com centenas de outras até você voltar.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

REALIZA

Realiza

Vem e me exorciza me livra dessas amarras de não te ter
Dessa minha boca que agoniza o desejo de você
Da minha mão que barbariza em tudo que não te tem
Desse teu corpo que catequiza o meu suor que te convém
O meu olhar centraliza o teu em silenciosas juras de amor
Você me coloniza me invade o continente ao pudor
E monopoliza tudo o que é mel na tua boca
E verbaliza que tocar as estrelas é coisa pouca
Contextualiza que o teu querer vai até amanhecer
E me autoriza a ser o precursor do teu prazer
E não se responsabiliza pelas coisas que vais falar
E materializa em mim o reflexo do teu gozar
Você desorganiza meu pensar e penso que será pra sempre
E profetiza que eu serei o profeta da promessa que se cumpre
E sacraliza que teu corpo será meu altar pra despejar as minhas juras
E dramatiza se essas minhas juras não forem todas puras
E enfatiza que estas juras sejam apenas em sua devoção
Minh’alma erotiza que tudo em mim é em sinal de tua adoração
E se especializa em focar apenas no prazer do teu corpo sem fim
E você me escraviza e despeja esse desejo todo em mim
Eterniza que seremos só nós dois gozando no mar eterno
E vulgariza linda e destruidora transformando o céu no inferno.
Me realiza todas as fantasias de um pierrô na quarta-feira
E vampiriza tudo o que há em mim, mesmo que eu não queira
Me utiliza como instrumento do teu desejo sem fronteiras
E mecaniza, harmoniza,  realiza que nossas viagens não serão passageiras.


quinta-feira, 13 de junho de 2013

ALADOS

Alados

Tua carne na minha boca eu te mastigo
Esse teu benquisto castigo
Eu não sei ser teu amigo
Não te quero para meu abrigo.

Eu te quero para incendiar a noite
Despir o sol com o açoite
Te levar pra Salém, meu bem
Te instigar, incitar, te levar além.

Quero seguir teu instinto
Beber teu veneno, absinto
Se te amo eu não minto
Tua intuição é o pão do meu eu faminto.

Eu te conheço bem, sei como é
Já sei te amar como te amaria uma mulher
Sei que não mando em teu coração
Mas eu só quero te abraçar a razão.

Te aceito mesmo somente entre primaveras
És o meu anjo e a minha quimera
Que me arranha depois some
E me deixa salivando e repetindo o teu nome.

Sei que não posso te aprisionar
Pois és alada, vais a todo lugar
Não posso voar, mas tenho o nome e as asas de um anjo

Mas tenho um banjo pra te cantar.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

DRY EX MACHINA

Dry ex machina

Eu, o homem que carrega o peso de doze dragonas nos ombros
Cedi a devassidão de teus devaneios e caí devoto de teu deshabillé
Desiderato a teu desejo drástico de donzela deusa divina
Eu, devasso e libertinoso fui deturpado pelo teu deus-dará
Mas que divindade dá o trigo pra depois dragar o pão em dobro
Eu como disparate dissuadi a ingerir diesel para depois cuspir as labaredas do dragão
E de joelhos diante de ti meu coração em disritmia distraído se declara em juras
Mesmo nesse teu distar meus sentidos apontam em tua direção
Mesmo com toda minha distinção não sou eu digno de tal adoração
Eu ditoso não atendi ao dispêndio dessa discricionária devoção
Fui dissuadido de minha diretriz de sempre discordar de seres divinos
Sempre rio de grande dimensão e liberdade me vi represado em teu dique transbordante
E com diplomacia tu discerniste diafanamente e fez de mim o teu devoto
E pôs abaixo minha mente dissidente dinamitada por tua doutrina
Eu, o homem que carrega o peso de doze dragonas nos ombros

Fui afundado nesse teu amor de diabo sedutor e sorridente sobre meus escombros.

LONGE

Longe

Não cabe a mim entender que isso acabe por instancia
Que a nossa distância não cabe nas medidas das nossas pertinácias
Eu enfrento as falácias das distantes e plácidas planícies
O fogo dela devora e consome, dá e tira, chega e some
Eu sentado no caminho no long way home
Drásticas e decepantes sem despedidas nem ordens de despejo
Eu me agarro no desejo desse teu órgão pulsante, coração
Se estás em minha ótica e fica nítida nessa tua pálida destruição
Viajo na tua carótida e vago entre teu coração e teu cérebro
Cérberus é o cão que guarda esse teu portão
E quando me ofereces numa mão o pão na outra teu amor
Dia após dia eu domo um dragão nessa lida da diáspora do desamor
Prática e trágica teu fogo se consome em mim
E por favor não diga que isso é o fim.


quarta-feira, 5 de junho de 2013

SANGUE E SEGUNDA-FEIRA


Sangue e segunda-feira

Não sei de onde vem isso, nem sei se preciso
Mas sei que seu tiro é preciso e me acerta
E me deixa de perna aberta
E me sangra, mas eu gosto
Desse teu samba
Desse amor na corda bamba.

Estou aqui com meus botões e meu cigarro já no fim
Levanto meu pensamento até você
Mas quero saber
Se você pensa em mim
Quando está só com seus dedos
Com os medos de estar só.

Eu quis não me culpe, mas eu quis
Esse amor por um triz
Esqueci que era a atriz
E que não podia em meu peito criar raiz
Se tuas pernas estavam no ar
E tuas mãos a me tocar.

O meu dom da premonição em ação
Minha maldição
Minha cantiga de maldizer
Foi cantada pra você
Mesmo com meu suor pingando em seus seios
Eu sabia de nosso amor, fruto de devaneios.

Então já posso sangrar
Se meu sangue é igual ao seu
Sei que já posso me martirizar
Sabendo que não posso te ter
Pois minhas punhetas ainda são dedicadas a você.

Eu bebi e brindei, eu sorri e dancei
Eu te devorei mesmo quente
Não comi pelas beiras
Só pra ver se esse sangue que é seu
É o mesmo que colore os jornais nas segundas-feiras.


quinta-feira, 16 de maio de 2013

ALMAS VITORIOSAS



Almas vitoriosas

Eis que bate à minha porta o espírito errante das bebedeiras madrugadas
O vampiro que te abraça na sua cama quando luzes apagadas
Eis que encegueirado na volúpia do desejo de carnes brancas
Me encontro acorrentado naquelas benquistas e voluptuosas ancas.

Me lambuzo com o néctar da sua boca como a abelha mais vagabunda
E fitando o seu corpo desnudo aperto com minhas mãos a sua bunda
E me perco no tempo lambendo os seus seios como se fossem eles meu alimento
E você com os pés no chão pode sentir o gosto doce do firmamento.

Em seguida te jogo na cama, pois somente na cama é que se ama
E faço de puta aquela dama à quem devo a devoção de desenhar com os dedos seu diagrama
Me embrenho entre suas pernas como se eu fosse responsável por descobertas eternas
E vou te chupar como se fosse a fruta mais doce do pomar até você gozar e eu não puder mais te alcançar.

E os anjos hão de reivindicar que apenas eles poderão provar o gosto doce do paraíso num sobrevoar
E sob a espada do arcanjo você terá que fazer suas juras por mais impuras que elas possam se tornar
E de joelhos no chão pois só de joelhos é que vale a oração para o merecido perdão ao qual estende a mão
E você vai brindar sob o luar como se fosse seu épico momento de devoção.

E de seus úmidos e grandes lábios e vulvas eu ei de penetrar e saltar às cegas nesse abismo
Não tenho asas e não quero ser salvo quero ser o alvo do seu exorcismo das suas unhas e seu simbolismo
Quero que me puxe e que faça minha alma se excitar como se livre fosse de julgar o perigo e arriscar
Em troca eu te mostro o caminho para que você possa buscar o seu tesouro de Shangri-la.

O suor é a mágica que compõe a vida e que desenha o infinito em suas costas
É o que faz da vida a incerteza das escolhas e apostas
É o que embala o desejo pelas frutas mais saborosas
E nessa batalha as duas almas saem vitoriosas.




segunda-feira, 6 de maio de 2013

UÍSQUE E O ESQUECIMENTO



Uísque e o esquecimento

Todos os escafandristas irão procurar por todo o mar
Pra saber se há sentido em não querer lembrar
Todos os falsos poetas verdadeiros moralistas
Irão desejar teu abrigo onde despeja as conquistas
Esse teu sustento, o teu quarto escuro do esquecimento
Teu insaciável desejo de edificar tuas mentiras com cimento.

Nessa distância entre o cuspe e o beijo
Ainda me vejo em você
No limiar entre o querer e o provar
Eu vou estar em tudo que você tocar
O muro entre soco e o sexo
Eu vou estar no teu reflexo
E te atormentar o tormento
O exato momento entre o uísque e o esquecimento.

O tesouro dos sábios perseguidos pela cruz
É a luz, é a mentira dançante que ilude e seduz
É o flash que te cega e te faz enxergar pra dentro
Quando tu fores a pessoa errada no oportuno momento
Muitos soldados vão invadir tua casa e procurar
A tua fórmula secreta pra não lembrar.

Traga seu contra-argumento e esfregue na minha cara que tuas queixas são justas
Não sei se te importa, mas todo esse barulho já não me assusta
Eu sei que te destrói por dentro essa força que tu fazes pra tentar esquecer
Mas o que eu posso fazer se tudo o que é meu ainda está em você.